Marketing
13-06-2016
O sucesso dos novos alfaiates
LUÍS PAULO RODRIGUESSão duas marcas de vestuário que têm nomes estrangeiros, o que se lamenta, embora isso possa ter a ver com os mercados internacionais, mas a verdade é que Slägen & Zonen e Bgentleman são dois entre muitos projetos portugueses que reinventam a alfaiataria para produzir vestuário à medida do cliente.
Estamos perante um caso de “revivalismo” que já levou um jornal português, o Observador, a questionar se “o comércio da nostalgia" será uma tendência crescente da indústria têxtil (ver aqui: http://migre.me/o8kKk).
A verdade é que estes alfaiates do século XXI, que utilizam a Internet para chegar aos clientes e expandir o seu negócio, aliam a tradição à modernidade. E trabalham para um público exigente e com poder de compra.
Além disso, cumprem um requisito importante do mercado: trabalham à medida do cliente, tratando cada cliente como uma pessoa diferente de todas as outras. Ora, é isso que os clientes contemporâneos procuram: a exclusividade.
Daí que os novos alfaiates portugueses talvez não sejam exemplos de revivalismo, mas uma tendência do marketing em mercados maduros, como o mercado europeu, à procura de novos consumidores em novos nichos.
As camisas, os casacos e as calças desenhados e produzidos à medida do cliente dão respostas a um novo nicho de mercado, formado por consumidores que querem experiências únicas e produtos personalizados.
A marca produz menos quantidade, mas produz com mais qualidade e cobra mais caro – recuperando, assim, o que perde de ganhar por não produzir em série.
Na realidade, os novos consumidores com poder aquisitivo querem ser tratados como se fossem únicos, também através da roupa que vestem, e estão dispostos a pagar por isso.
Compram cada vez menos a roupa produzida em série e compram cada vez mais modelos exclusivos, de grande qualidade e segundo padrões estéticos ditados pelo gosto pessoal. Afinal, na era pós-moderna em que vivemos, cada um pode ditar as regras da moda.
Os alfaiates portugueses do século XX, que definharam e fecharam as portas, estavam enganados quando acreditaram na história do fim da indústria têxtil e do seu ofício de fazer roupa por medida.
Como tinham só a vantagem competitiva do saber fazer, não conseguiram travar o destino, nem enxergar o futuro. Talvez agora os novos alfaiates regressem em força às vilas e cidades. Alguns deles são um sucesso. São os mercados a funcionar.